terça-feira, 26 de maio de 2009

Roteiro: Parte 6 - Referências

Como acredito que já disse, estes artigos sobre roteiro não pretendem em hipótese alguma esgotar o assunto. Assim, vou indicar livros e sites que possam colaborar com aqueles que pretendam saber mais sobre o assunto.

Existe um escritor de nome Syd Field que acima de qualquer outro deve ser considerado quando o assunto é roteiro. Sua principal obra é O Manual do Roteiro, mas ele ainda têm outros títulos como Quatro Roteiros e Como Resolver Problemas de Roteiro que são leitura obrigatória. Além de diversos títulos ainda não traduzidos para o português.

A Jornada do Escritor - Christopher Vogler - O livro impresso no Brasil pela editora Nova Fronteira em 2006 está atualmente esgotado na própria editora, mas vale a pena dispender algum tempo em sua procura. Ele traz uma ótima explicação dos arquétipos literarios e faz comentários sobre alguns roteiros filmes de sucesso. Para aqueles que não têm problemas com o inglês ele pode ser comprado aqui ou aqui.

O Herói de Mil Faces - Joseph Campbell - Para ser lido juntamente com A Jornada do Escritor, este livro traz uma profunda analise do conceito universal do herói, incluindo uma analise psicológica e o caminho para sua ascenção. Ele pode ser comprado aqui.

O Roteirista Profissional - Marcos Rey - Foi o primeiro título que li sobre o tema, quando ainda era adolescente. É didático e fácil de ler, mas extremamente centrato na estrutura do roteiro em si. Ele pode ser comprado aqui.

Como Contar um Conto - Gabriel García Marques - Escrito com base em uma oficina de roteiros que o autor vencedor do nobel realiza todos os anos em Cuba. Para variar, ele está esgotado em português. MA pode ser encontrado em espanhol aqui.

Existem alguns sites que tratam de roteiro em português. Infelizmente, não conheço nenhum que tenha bastante regularidade, mesmo assim alguns são uteis.

http://www.roteirodecinema.com.br/ - O destaque deste site são algumas biografias e um bom acervo de roteiros nacionais, inclusive com textos inéditos.

http://www.roteirista.com - Curso on-line de Hugo Moss, autor do livro Como Formatar o Seu Roteiro - Um pequeno guia de Master Scenes. Infelizmente é pago.

http://www.films.com.br/intro.htm - Texto on-line do livro de Hugo Moss Como Formatar o Seu Roteiro - Um pequeno guia de Master Scenes.

Bom, é isso que eu tinha a dizer sobre roteiro. Em meu próximo post sobre fazer filmes falarei sobre as etapas de produção de um filme.

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Roteiro: Parte 5 - O Formato de um Roteiro

O penúltimo artigo sobre roteiros vai falar, especificamente, sobre os itens que devem estar contidos em um roteiro. Para começar, vamos usar nosso conhecido trecho do roteiro do filme Cidade de Deus.

6 EXT. RUAS DO CONJUNTO - DIA

Cabeleira, Alicate e Marreco correm, perseguidos de perto, por um POLICIAL que dá tiros para o alto. Eles riem. E também atiram para o alto.

BUSCA-PÉ (V.O.)
O Trio Ternura não tinha medo de ninguém.
Nem da polícia... Eles achavam que a Cidade
de Deus era deles. Mas tinha um monte de
bandido que achava a mesma coisa. Naquele
tempo, a Cidade de Deus ainda não tinha
dono.

Os bandidos se metem pelas ruelas do local.

MONTAGEM cria a sensação de labirinto: o Policial nunca sabe para onde ir.

Os bandidos param um instante. Tiram as camisetas vermelhas, jogando-as por trás do muro de uma casa. Todos agora estão de camiseta branca. Eles continuam correndo até o...


A primeira linha que temos em nosso exemplo é uma espécie de cabeçalho e deve estar contida em todas as tomadas descritas em um roteiro. Ela é composta do nº da tomada, o tipo de ambiente, o local e o período do dia. O nº da tomada é essencial porque é praticamente a única forma de todos saberem exatamente o que será filmado. Quando o diretor diz para rodar a tomada seis, todos sabem o que devem fazer. O tipo de ambiente não passa de uma indicação que diz se a tomada será uma externa (EXT.) ou interna (INT.). Isto é importante porque tecnicamente mudam a iluminação, o tipo de camera que serão usados, por outro lado, externas, muitas vezes, precisam de permissões e condições climáticas. A coisa mais importante sobre o local da tomada é que uma vez que você chama um local de Quarto do Pedro, todas as referências ao mesmo local precisam ter o mesmo nome. Esse pequeno cuidado ajudará os continuistas e não gerará duvidas sobre o local a ser filmado. O período do dia normalmente é preenchido apenas com dia ou noite, mas também são possíveis amanhecer, anoitecer, meio-dia e qualquer outro momento que, de alguma maneira, seja distinguível na história.

Após o cabeçalho a descrição da ação deve ser escrita da forma mais direta possível preferencialmente seguindo a fórmula padronizada sujeito-verbo-predicado. Como já dito anteriormente, roteiros precisam ter a clareza como prioridade. Nada de firulas estilísticas que só gerariam duvidas.

Os diálogos devem ser precedidos pelo nome de quem está falando, que deve estar acima do diálogo e não a sua esquerda, como acontece nas peças teatrais.

Ainda existem várias marcações que podem ser usadas, citarei apenas algumas das mais comuns.
- Caso durante a tomada o local onde ela acontece mude, o novo local deve ser indicado em maiúscula, encostado a margem esquerda do texto. Não é necessário fazer quaisquer outras marcações.

1 INT. QUARTO DE PEDRO - NOITE

Pedro pega um isqueiro sobre o criado-mudo e caminha para a porta.

CORREDOR DA CASA DE PEDRO

Enquanto Pedro caminha tenta acender o cigarro que tira do bolso.

PEDRO
Droga de isqueiro.

- Quando a página acabar e a tomada não, o inicio da próxima página deve começar com uma indicação de que a tomada continua. Normalmente, isto é feito através do nº da tomada seguido pela inscrição CONT. (continuação).

- É muito comum que o roteiro contenha indicações do posicionamento das câmeras e efeitos de transições de imagens. Contudo muitas vezes elas são colocadas a pedido do diretor, mesmo que, em alguns casos, o roteirista pode sugerir isso.

Câmera acompanha Pedro que caminha pelo corredor. Close no rosto de satisfação de Pedro quando ele traga o cigarro após ele finalmente o conseguir acender.

FADE IN

- Algumas abreviações são usadas após algumas falas, as mais comuns são: V.O. - voice over significa que quem fala não está em cena, pode ser um narrador, mas também um radio ligado ou secretária eletrônica; O.S. - off screen ou simplesmente off significa que quem fala está em cena, mas não está visível; cont. - continuando significa que o esta fala é uma continuação de uma outra que foi interrompida por uma ação. Essas abreviações devem estar a direita do nome do personagem e entre parênteses.

CLAUDIO (OFF)
Você sabe que não pode fumar aqui.
Claudio surge no fim do corredor impedindo a passagem de Pedro

CLAUDIO (cont.)
Espero que você apague este cigarro agora.

- Descrições dos personagens podem ser feitas dentro ou fora do roteiro, apenas tenha certeza de que se o fizer dentro do roteiro, você o fará na primeira aparição do personagem e não mais.

Alguns outros detalhes poderiam ser incluídos neste texto, especialmente no que concerne espaçamento e tabulação. Mas isso tornaria este texto exaustivo e desinteressante para muitas pessoas apenas interessadas na leitura de um roteiro.

terça-feira, 19 de maio de 2009

Sinédoque, Nova York


Finalmente assisti Sinédoque, Nova York e não farei uma crítica sobre este filme. Eu quero apenas incentivar você a, se tiver nervos de aço, coração de pedra e uma inteligência afiada, assistir a este filme sordidamente engendrado por Charlie Kaufman, roteirista de Quero Ser John Malkovich, Adaptação e Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças. Caso você não esteja a altura do desafio, não venha chorar sobre o meu ombro.