

WALL·E é uma reunião de estilos e homenagens que coordenados com precisão deu origem a esta obra fenomenal. WALL·E é a um tempo comédia romântica, ficção científica e infantil. É influenciado por Chaplin e Kubrick. E de quebra homenageia E.T., repare em como o personagem WALL·E lembra o personagem do filme de Steven Spielberg, além de ambos terem as personalidades mais cativantes da história dos personagens inumanos do cinema.
Repleto de cenas memoráveis WALL·E encanta pela exuberância e força de suas imagens desde a Terra inabitável até a Axiom, a nave cruzeiro, todas as imagens têm uma força insuspeita e se muitos temiam que a falta de diálogos prejudicasse o filme tenho de dizer que só o fizeram melhor. A natureza do WALL·E é realçada através da ausência destes diálogos que o tornam uma verdade versão robótica de Carlitos.
A questão levantada anteriormente em Os Incríveis e Ratatouille é mais uma vez esboçada em WALL·E. Ser especial é uma questão de escolha e neste filme isso é representado através do contato do pequeno WALL·E com os demais personagens humanos e robóticos do filme e suas mudanças de comportamento. De certa forma WALL·E é a fada madrinha que com sua varinha de condão transforma a vida das pessoas. Assim, quando um robozinho da nave que avança pela sua linha-guia se depara com uma trilha de sujeira feita por WALL·E pára e por um instante hesita entre a linha-guia que aqui representa o ordinário, o comum, o conhecido e a trilha de sujeira antes de seguir a trilha de sujeira, aquilo faz todo o sentido e acaba nos colocando em cheque com nossas próprias vidas. O engraçado é que tudo isso está relacionado com o conceito de homem funcional com que me debati na semana passada, mas como o tema deste blog é cinema e não pseudo-filosofia, deixe-me continuar falando do WALL·E.
Claro que o filme sofre com as dificuldades de suas referências mais próximas o cinema mudo e a ficção científica. A dificuldade com o cinema mudo é que é muito difícil, especialmente para as crianças, acompanhar o filme muito tempo sem diálogos o que acaba causando alguma dispersão, já a ficção científica arrasta consigo uma marca até hoje indelével, o filme precisa apresentar o cenário em que a história é contada o que torna o filme um pouco lento especialmente no começo, isso é especialmente nocivo aos filmes de animação já que eles ainda possuem a barreira das duas horas ( vc já viu uma animação com mais de duas horas?), o que faz com que tudo tenha de ser resolvido as pressas no final do filme. Sim, isso prejudico o WALL·E, mas nada que consiga tirar o brilho desta estupenda animação.
Para crianças de dois a noventa anos, WALL·E está esperando por você, corra e apaixone-se.