segunda-feira, 30 de junho de 2008

WALL·E


Estupendo! Não consigo pensar em outra forma de iniciar esta crítica senão com esta louvação. Estupendo! WALL·E é tudo o que a Pixar prometeu e ainda mais. O filme será lembrado por gerações e daqui a 25 anos estaremos comprando edições especiais de aniversário deste que é o melhor filme já realizado pela Pixar e que completa o panteão do estúdio ombreado por Monstros S.A. e Os Incríveis.

O filme conta a história de como os humanos abandonaram a Terra após a vida aqui se tornar insustentável por causa da poluição e deixaram para trás um exército de operários robôs encarregados de fazer a faxina enquanto a humanidade permanece em um cruzeiro estrelar aguardando que a limpeza do planeta termine. Por misterioso e inacreditável que possa parecer fomos mais competentes em sujar a Terra do que dimensionamos e o programa desenvolvido foi incapaz de terminar sua tarefa. Setecentos anos após a evasão humana um único robo continua operacional e é sobre a sua perspectiva que vemos no que nos tornaremos.

WALL·E é uma reunião de estilos e homenagens que coordenados com precisão deu origem a esta obra fenomenal. WALL·E é a um tempo comédia romântica, ficção científica e infantil. É influenciado por Chaplin e Kubrick. E de quebra homenageia E.T., repare em como o personagem WALL·E lembra o personagem do filme de Steven Spielberg, além de ambos terem as personalidades mais cativantes da história dos personagens inumanos do cinema.

Repleto de cenas memoráveis WALL·E encanta pela exuberância e força de suas imagens desde a Terra inabitável até a Axiom, a nave cruzeiro, todas as imagens têm uma força insuspeita e se muitos temiam que a falta de diálogos prejudicasse o filme tenho de dizer que só o fizeram melhor. A natureza do WALL·E é realçada através da ausência destes diálogos que o tornam uma verdade versão robótica de Carlitos.

A questão levantada anteriormente em Os Incríveis e Ratatouille é mais uma vez esboçada em WALL·E. Ser especial é uma questão de escolha e neste filme isso é representado através do contato do pequeno WALL·E com os demais personagens humanos e robóticos do filme e suas mudanças de comportamento. De certa forma WALL·E é a fada madrinha que com sua varinha de condão transforma a vida das pessoas. Assim, quando um robozinho da nave que avança pela sua linha-guia se depara com uma trilha de sujeira feita por WALL·E pára e por um instante hesita entre a linha-guia que aqui representa o ordinário, o comum, o conhecido e a trilha de sujeira antes de seguir a trilha de sujeira, aquilo faz todo o sentido e acaba nos colocando em cheque com nossas próprias vidas. O engraçado é que tudo isso está relacionado com o conceito de homem funcional com que me debati na semana passada, mas como o tema deste blog é cinema e não pseudo-filosofia, deixe-me continuar falando do WALL·E.

Claro que o filme sofre com as dificuldades de suas referências mais próximas o cinema mudo e a ficção científica. A dificuldade com o cinema mudo é que é muito difícil, especialmente para as crianças, acompanhar o filme muito tempo sem diálogos o que acaba causando alguma dispersão, já a ficção científica arrasta consigo uma marca até hoje indelével, o filme precisa apresentar o cenário em que a história é contada o que torna o filme um pouco lento especialmente no começo, isso é especialmente nocivo aos filmes de animação já que eles ainda possuem a barreira das duas horas ( vc já viu uma animação com mais de duas horas?), o que faz com que tudo tenha de ser resolvido as pressas no final do filme. Sim, isso prejudico o WALL·E, mas nada que consiga tirar o brilho desta estupenda animação.

Para crianças de dois a noventa anos, WALL·E está esperando por você, corra e apaixone-se.

2 comentários:

Rodrigo Camargo disse...

Excelente filme. Nota 10++. Ainda nos faz refletir sobre o futuro da sociedade em seus vários detalhes, como o nome da nave, Axiom, que quer dizer Axioma, uma premissa considerada verdadeira sem necessidade de demonstração. Estamos caminhando pra lá...

Lei disse...

O filme é realmente estupendo. É daqueles filmes que cada vez que você assiste vê algo diferente. Entre tanto lixo espcial, ele conseguiu acertar uma replica do sputnik...rsrsrs

O lance do Mo (robozinho da faxina) passar a linha guia, foi ótimo mesmo!

Abs!