terça-feira, 1 de abril de 2008

As Crônicas de Spiderwick

É sempre interessante ver e analisar o movimento de massas feito por Hollywood, atualmente quatro acontecem concomitantemente: Os remakes de filmes antigos e/ou estrangeiros, as homenagens a seriados antigos, as adaptações dos quadrinhos (graphic novels para os geeks) e as aventuras fantásticas para adolescentes. Nesta última onda encontra-se As Crônicas de Spiderwick (acho que depois escreverei um artigo sobre esses movimentos) que apesar de estar apenas aproveitando o filão inaugurado por Harry Potter traz algo de novo e tem até mesmo um certo charme.

O filme conta a história de Jared Grace (Freddie Highmore), de como ele encontra o Manual de Campo de Arthur Spiderwick, escrito por seu antigo parente(David Strathairn), que lhe revela um novo mundo, oculto pelo mimetismo, repleto de fadas, ogros, trolls e afins. Mundo que agora está em risco já que ao abrir o livro ele chama a atenção de Mulgarath (Nick Nolte), rei dos ogros, que há décadas quer se apoderar dos segredos contidos no livro. Para defendê-lo Jared contará com a ajuda de seus irmãos Mallory (Sarah Bolger) e Simon (Freddie Highmore) e de um simpático duende caseiro (brownie) chamado Thimbletack (Tibério em português).

Toda trama funciona bem ainda que ela seja extremamente simplista e leve. De fato, o filme não chama muito a atenção e só se torna interessante por não tentar enganar o espectador com reviravoltas banais que apenas confundiriam o seu público, nem impressioná-lo com paisagens grandiosas, sequer dar brechas para continuações (claro que uma seqüência é possível, mas o filme não tenta impor uma). Essas características criam uma história fácil de assistir e fácil de gostar. Os efeitos especiais são bem feitos, mas faltam exemplares dos seres deste outro mundo, no geral apenas ogros preenchem as cenas.

Um problema que acontece comumente nos filmes de hoje e me aborrece sobremaneira é a falha em sua própria lógica interna, claro que As Crônicas de Spiderwick, como filme despretensioso que é, não poderia deixar de ter a sua. Apenas deixarei aqui a pergunta a qual não consegui deixar de lado durante toda a projeção: Como um livro que não pode ser destruído tem suas páginas arrancadas e rasgadas? Desta pergunta pode surgir uma boa porção de outras, mas elas são de fato apenas variantes desta.

Apesar da forma quase caricata pela qual a familia Grace é tratada pelo roteiro, Jared é o rebelde que culpa a mãe pelo divórcio de seus pais, Mallory é a irmã mais velha que por ter uma visão mais ampla e madura do que está acontecendo com sua própria familia apóia a mãe e tenta aliviá-la dos constantes ataques de Jared, Simon vivido pelo próprio Highmore é um pacifista que foge de confrontos. Helen (Mary-Louise Parker) é a mãe que tenta reconstruir a sua vida, o talento dos três atores consegue conferir a eles bastante profundidade. Para se ter uma idéia, apesar de Highmore interpretar os gêmeos Jared e Simon, em nenhum momento há dúvida de qual deles está diante de nós. Frisando que nenhum deles usa algo particularmente emblemático.

As Crônicas de Spiderwick não tem a pretensão de ser um filme de arte, abrir uma nova franquia, ou qualquer coisa do gênero, e, como não tenta enganar seu espectador fingindo ser uma dessas coisas, ele terminar por agradar ao público em geral. Com certeza não estamos diante de um novo blockbuster, mas, sem sombra de dúvida, ele conseguirá atingir o seu objetivo, retornar um bom lucro para a Nickelodeon, responsável pela sua produção.

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