quinta-feira, 3 de abril de 2008

Jumper


Ontem ouvi o comentário de que não dou boas notas a nenhum filme, na semana anterior um amigo me disse que eu não gosto de filme nenhum. Bem, os que lerem as críticas deste blog talvez concordem com isso, mas a verdade é que o período de fevereiro à abril é o que lança as produções de pior qualidade todos os anos. Os blockbusters saem entre maio e agosto e os filmes que almejam prêmios (especialmente o Oscar) são lançados entre novembro e janeiro. Estas são as expectativas de lançamento no Brasil, nos EUA os períodos são um pouco diferentes. Assim, como não sou homem de comer sardinha e arrotar caviar e sei que críticas de filmes antigos são, em geral, desinteressantes demais para postá-las, continuarei a falar dos filmes que estão em cartaz e a lhes dar as notas que merecem.

Jumper tinha três fatores e meio em quatro para ser um excelente filme. Partia de uma boa idéia; foi dirigido pelo competente Doug Liman (Identidade Bourne); tinha os bons roteiristas David S. Goyer (Cidade das Sombras, Blade, Batman Begins) e Jim Uhls (Clube da Luta). Simon Kinberg também consta dos créditos e provavelmente é o responsável pela maior parte dos problemas do filme, mas estou tentando mostrar o que o filme tinha para dar certo; e um elenco mediano com os competentes Samuel L. Jackson (Star Wars), Diane Lane (Infidelidade) e Jamie Bell (A Conquista da Honra), o desprezível protagonista Hayden Christensen (Star Wars), o mesmo ator que interpretou Anakin Skywalker expurgando o Darth Vader como a encarnação do mal das mentes e corações de milhões de pessoas ao redor do mundo e o seu interesse amoroso Rachel Bilson (do seriado O.C.), com uma atuação simplesmente insignificante. Mesmo com tantos pontos em seu favor, a má escolha do protagonista e a influência funesta de Simon Kinberg (que já trabalhara com Liman no fraco Sr. e Sra. Smith) arrastaram o filme para baixo.

David Rice, um adolescente de 15 anos abandonado pela mãe e criado por um pai violento, descobre, ao cair em um rio, que tem o poder de se teletransportar para qualquer lugar que ele já tenha visto antes. Sem deixar nada para traz além de um pai com quem não se entende e uma paixão não consumada, David foge de casa e começa a roubar bancos. Seu novo estilo de vida chama a atenção de um grupo de caçadores de jumpers e de um outro jumper chamado Griffin que, ao contrário de David, está engajado na guerra contra os paladinos (os caçadores de jumpers).

Perceba que nesta sinopse encontram-se todos os ingredientes de um grande filme, o problema é que todos eles foram aplicados na dose errada. O pai de David, a namorada, um colega de escola e mesmo Roland (Samuel L. Jackson), que só protagoniza algumas cenas para que o filme possa mostrar o quão mau ele é, parecem apenas fazer figuração durante o filme. E se Roland é mau, David não é nenhum Robin Hood, ele usa seus poderes apenas em beneficio próprio sem se importar com as conseqüências de seus atos. Então, entre o mau, que odeia, persegue, e mata aquilo que não entende e o não bom, que tem a namorada em perigo, acabamos forçados para torcer pelo não bom, uma vez que não há nada no filme que nos aproxime de David.

As seqüências de ação geralmente são boas e beneficiadas pela leve confusão causada pelos saltos dos personagens, sem falar no interesse causado pela falta de empatia de David e Griffin, quando um quer fugir, o outro quer lutar; quando o outro quer explodir tudo, o um quer entrar num combate suícida; quando um quer lutar sozinho, o outro quer trabalhar em dupla e vice-versa. O que chega ao ponto deles abandonarem seus agressores para brigarem entre si.

Tenho um preceito que diz que nenhum longa metragem da atualidade com menos de noventa minutos é bom e que a culpa, nestes casos, é do roteiro. Jumper e seus 88 minutos de projeção sofrem especialmente neste quesito. Há uma quantidade altíssima de perguntas sem resposta, os personagens são caricatos ou inexpressivos e não há uma explicação clara para o pano de fundo da história. Sim, paladinos perseguem jumpers há séculos, mas não há nenhuma explicação definitiva para isso, há o esboço de uma ou outra. A guerra que citei na sinopse, ocorre da mesma forma que acontece neste texto, só é citada. Afinal, se os jumpers não são organizados mesmo após séculos de perseguição, como foi doloroso perceber isso, eles só podem ser caçados mesmo. De forma que o que acontece não é uma guerra e sim uma chacina.

Despretensiosamente é possível acompanhar o filme do começo ao fim sem se aborrecer. Na verdade, dá até para sair do cinema com uma boa impressão do filme, uma vez que ele passa tão depressa que não chega a nos aborrecer. O que não me impediu de olhar umas duas vezes pro relógio durante sua projeção.

7 comentários:

Unknown disse...

Mais um filminho de Sessão Pipoca... (Aliás, acho que poderia ser criada essa classificação para os filmes, indicando aqueles que não cheiram nem fedem...).
Assisti ao filme e também fiquei decepcionado. Esperava bem mais...
Mas, se você não tiver mais nada para fazer, mais nenhum filme para assistir e uns 100 minutos sobrando (88 do filme + propagandas + traillers), pode utilizá-los assistindo ao filme.

Cristiano Silva disse...

Nossa, pelo jeito o filme é tão ruim que para alugar o DVD vou exigir desconto...

Lei disse...

Não achei tão ruim assim... concordo que poderiam ter aproveitado bem melhor a ideia. Mas, me diverti no domingo a tarde assistindo Jumper.

Já li um outro comentário que tmb concordo: "parece o primeiro episódio de um novo seriado."

Lei

Mudhawk disse...

Quando ví o trailer já senti cheiro de bomba no ar!!!!

Iza disse...

Já viu o trailler de Blindness ?
vai lá no meu blog

eu postei lá deixe um cometário sobre o que achou.

Um abraço

Hugo K disse...

Acho que esse filme serve somente para distrair. Sem pensar, sem refletir.
Assistir e voltar para casa.

Eduardo Udo disse...

Prezado Garcia, não se importe se te dizem que você não concede nenhuma boa opinião sobre os filmes. Realmente os filmes atuais são, na média, sofrívies. Jumper é muito ruim, quase desprezível, nota 3 no máximo. A idéia de dar um cunho histórico ao embate entre os personagens, fazendo referências à Idade Média é grotesca, chegando a ser irritante. Concluindo, este filme-pipoca não vale nem a pipoca.