segunda-feira, 28 de julho de 2008

Hancock


Will Smith tem o toque Midas. Além de figurar na Forbes semana passada como a celebridade que mais faturou no último ano (US$80 mi). Com Hancock, Will Smith continua com sua impressionante série de filmes com arrecadação superior a cem milhões de dólares, este é o oitavo deles. Muito mais que um bom ator, o que já foi considerado tremendamente improvável, o protagonista de Um Maluco no Pedaço tem mostrado que escolhe seus projetos a dedo e que não quer ser estereotipado como ator. Assim, além das comédias que lhe ajudaram no inicio de sua carreira como MiB, MiB II, As Loucas Aventuras de James West, ele tem trabalhado em filmes de ação (Inimigo do Estado, Eu Sou a Lenda), ficção científica (Eu, Robô), dramas (Ali, A Procura da Felicidade) e até uma comédia romântica (Hitch - Conselheiro Amoroso), conseguindo bons resultados em todos esses seguimentos.

Aproveitando a onda de super-heróis que vem chegando à tela grande, Will Smith surge como, talvez, o mais original dentre esses, ele é um dos poucos que não é baseado em uma revista em quadrinhos. Também não é um cara legal, muito pelo contrário. Hancock, personagem de Will, é bêbado, mulherengo, grosseiro, ressentido e desajeitado. Agora una está alma gentil, uma inclinação natural para fazer o bem e superpoderes, o que você terá é um super-herói muito mais desprezado que querido, cujos danos ao patrimônio público são maiores que os benefícios trazidos com sua presença, a ponto de existirem diversos processos em seu nome e de ele ser normalmente tratado pela carinhosa alcunha de asshole (indesejável, em tradução liberada para menores).

As coisas andavam como sempre na vida de Hancock, algumas pessoas eram salvas, o patrimônio público tinha o prejuízo de alguns milhões de dólares, ele enchia a cara e as pessoas o xingavam ao passar. Mas, entre um desastre de trem, provocado pelo próprio super-herói, e uma avalanche de reclamações, surge um homem, recém-salvo por Hancock, com tamanha fé na humanidade, que abraça Hancock como seu projeto pessoal pelo bem do próximo. A imagem de Hancock precisa ser revigorada e é Ray Embrey (Jason Bateman), o relações públicas que trabalhará por mais esta causa perdida.

O filme segue muito bem durante a primeira hora de projeção, enquanto apresenta a ação desconcertante de seu personagem título e avança bem dentro dos esforços de Hancock para melhorar. Infelizmente, este bom começo não é corretamente aproveitada pelo roteiro que, acaba errando a mão ao dosar drama e comédia no filme, e, como resultado, temos um filme que deixa a desejar. Sem falar que, insistir em contar a origem do personagem e fazê-la central ao desfecho da história denegriu imensamente seu último ato.

Ainda rezam contra o filme algumas infelizes gags cômicas, que, muitas vezes, poderiam funcionar, mas graças a falta de tato do diretor Peter Berg, que parece não saber sugerir, acabam bobas e grosseiras.

Por fim, Hancock é mesmo carregado no ombros por seu verdadeiro super-herói: Will Smith, que aperfeiçoando-se como ator a cada filme, soube trabalhar perfeitamente com o seu personagem, conferindo-lhe uma incrível presença em tela. E levando o personagem do drama ao humor quando exigido pelo roteiro. Algumas de suas falas ainda ecoam engraçadas em nossas mentes mesmo muito tempo após o fim da projeção. Jason Bateman e Charlize Theron atuam bem com o pouco que tem em mãos e ajudam Will Smith a segurar esta claudicante película.

Sem duvida, como acontecem com a maioria dos blockbusters, uma infinidade de pessoas adorará o filme, que, apesar de tudo, traz um interessante personagem que, se não fosse completa e ridiculamente resolvido neste primeiro filme, poderia gerar uma ótima seqüência. Dá para conferir nos cinemas? Bem, se você já viu Batman e Wall°e chegou a hora de conferir Hancock.

ps.: Leia este pos scriptum apenas se você já assistiu ao filme. Quando saí do cinema, eu tinha a impressão que John Hancock significava o mesmo que John Doe (João Ninguém). Outros amigos, que também assistiram ao filme e sabem inglês melhor do que eu, tiveram a mesma impressão. Felizmente, fiquei com a pulga atrás da orelha e após alguma pesquisa descobri que John Hancock é o mesmo que assinatura em inglês. Também descobri o porquê disso, mas deixo para o leitor mais curioso descobrir por si mesmo.

5 comentários:

Rodrigo Camargo disse...

John Hancock é o doido que assinou com uma baita assinatura a Declaração de Independência dos Estados Unidos. Desde então ao se referir a uma assinatura a galera americana fala: Põe aí seu John Hancock (Could you please put your John Hancock on this form so that I can turn it in?). Pô, você poderia ter explicado isso, não?

Garcia Filho disse...

Caramba! Você acabou com a graça dos meus quinze mil leitores!

Douglas Deiró disse...

Eu já havia reparado (de certa forma) que lá nos EUA fazem mesmo essa analogia quanto ao nome Jonh Hancock, porém, nunca dei bola.
Mas o comentário do Garcia me "encafifou" e fui ao "Pai de todos moderno" e achei isto:

JOHN HANCOCK
Nascimento: 12/01/1737, Quincy, Massachusetts, Estados Unidos
Falecimento: 08/10/1793, Quincy, Massachusetts, Estados Unidos
Político do Congresso Continental, é o primeiro signatário da Declaração de Independência (02/08/1776); Governador de Massachusetts (1780 a 1793).

Já que é pra acabar com a graça de 15 mil peitores, já "chuto o pau da barraca" de vez! Hehehe!

Kwuk disse...

Muito engraçado.
Esta mesma questão vinha me incomodando há algum tempo, tanto que hoje resolvi fazer uma consulta e descobri que incomodava a outros.
Já assisti ao filme várias vezes, sempre repetindo na NET, e percebia a descordãncia entre o áudio original e a legenda.
Graças aos esclarecimentos, vou poder dormir melhor esta noite (rs).

Abraço a todos.

Ricardo.

Unknown disse...

Tem prós e contras, mas é divertido. Hancock estreou nas telas, resultando em um enorme sucesso de público, provando o "Star Power" por Will Smith. E apesar de muitos diretores, Peter Berg, finalmente, conseguiu fazer a proposta, apresentando um filme com uma ideia pouco e subutilizado torna-se visto, mas ao longo branda. Não há cenas absurdas (exceto alguns detalhes da conversa chave entre Smith e Theron), a ilegalidade ou mesmo divertido cenas de ação. OK, mas com uma assustadora falta de alma.