terça-feira, 11 de março de 2008

10.000 A.C.



Com a chegada de uma menina de olhos azuis em uma pequena tribo de caçadores surge uma profecia sobre o momento mais importante desta tribo; o dia em que eles passarão de caçadores para coletores, mas para que isso aconteça eles antes terão de tornar-se guerreiros.

O paragráfo acima é empolgante e vazio. Pois bem, este é 10.000 A.C.

Dito isso é importante que se saiba que a menina de olhos azuis é Evolet (Camilla Belle), mocinha do filme. A profecia diz respeito a um ataque que será feito por demônios de quatro patas que seqüestrarão quase todos os homens da tribo e, de quebra, Evolet. Ela diz ainda que surgirá um caçador que guiará o povo para uma nova vida, e ainda que ele se casará com Evolet.

Alguns anos depois disso a jovem Evolet está apaixonada por D'Leh (Steven Strait) que para poder se casar com ela precisa ganhar a lança branca, símbolo de autoridade da tribo. Eis que começam as grandes cenas e se acaba com qualquer preocupação com um enredo consistente. Agora tudo o que veremos serão estouros de mamutes, saques de tribos, avestruzes gigantes comedores de gente, tigres dentes-de-sabre e o primeiro grande império do mundo, que, é claro, precisa ser derrubado.

Roland Emmerich, diretor do filme, tem dois grandes problemas que são pontuais em toda a sua filmografia: Ele não confia na inteligência do seu público, usa saídas simplórias para as situações de tensão que acontecem na história. Provavelmente o segundo problema seja decorrente do primeiro. Afinal, se o espectador é burro, não perceberá as resoluções absurdas dos problemas. Para exemplificar essa prática não há caso mais notório que o de Independence Day. Vírus de computador! Vírus de computador é o escambau!

Infelizmente essas práticas tem vez, e como tem vez, neste seu mais novo trabalho. Começando com um narrador que se dispõe a dizer o óbvio a todo instante. A cena em que Mãe-Velha (Mona Hammond) abençoa os homens que vão partir em busca dos companheiros aprisionados cuspindo neles acompanhada pelo irritante narrador é o fim da picada. Como se alguém fosse incapaz entender o significado da cena sem que houvesse explicação. Mas isso ainda é pouco, o pior é o fato de todos os conflitos serem resolvidos pelo cumprimento de profecias. Alias este é um filme místico, não apenas as pessoas crêem em profecias e shamãs, como essas se realizam e esses tem poderes reais. O que por si não seria um problema não fosse o cumprimento de profecias, e eu vou repetir, ser a única solução de todos os conflitos. Ele é o escolhido, ele é aquele que fala com o dente-de-lança, ela tem a marca do guerreiro do céu, ou uma bobagem parecida.

O que o filme tem de bom além de efeitos irretocáveis e cenas de ação empolgantes? Isso é difícil dizer, na verdade a maior surpresa constatada no filme é que de fato ele se trata de um road movie e por este prisma ele acaba sendo eficiente uma vez que D'Leh chega amadurecido no final da história. Aqui ainda cabe um último comentário: Este é um filme pipoca, se você procura apenas um filme divertido que consiga te distrair por duas horas, você encontrará isto em 10.000 A.C..

3 comentários:

Ivo La Puma disse...

Huahuahuahua, adorei o "Virús de computador é o escambal!"

Acho também que não vou perder tempo com este filme... Mocinha se apaixonando por rapaz, citado por profecia, há 10.000 a.C?!? Estão de brincadeira, né? Acho que esse troço também vai ficar à espera de um milagre... Pois só um milagre vai me fazer perder tempo com isso!

[]s

Unknown disse...

Eu acredito que o grande segredo de se divertir com um filme é ir ao cinema sem criar muitas expectativas...

Fui assistir a 10000 AC... Mas já fui imaginando ser exatamente um filminho "pipoca", ou seja, um filminho para passar o tempo em frente à telona...

Realmente o narrador incomoda... realmente a história é bem previsível... e as coisas que parecem que não terão solução simplesmente acontecem porque a profecia dizia que ia acontecer...

Mas vamos olhar os pontos positivos do filme: as paisagens são muito bonitas e diversificadas... Para se ter uma idéia, as filmagens foram feitas na Nova Zelândia e depois na Namíbia... lugares com paisagens completamente diferentes... E a Camila Belle (que, por sinal, é filha de uma brasileira) também é uma paisagem à parte... rs

Enfim, se você não for uma pessoa altamente crítica e, como eu, simplesmente gostar de cinema, pode assistir ao filme. Se, ao contrário, só gosta de filmes realmente "bons", fique em casa...

[]s

Rodrigo Camargo disse...

Valeu por me fazer esperar o filme em DVD, ou até mesmo na TV, na Globo, Sessão da Tarde...