domingo, 9 de março de 2008

Rambo IV

Do início dos anos 80 até meados dos 90 o subgênero de filmes de ação com ícones que se contorciam, quebravam, lutavam (artes marciais), suspendiam seus inimigos pelos pés apenas com uma mão, entre outras demonstrações de virilidade alcançou seu auge. Dentre esses não podem ser esquecidos filmes como: Comando para Matar, Exterminador do Futuro, O Grande Dragão Branco, Retroceder Nunca Render-se Jamais, Rocky, Cobra. Películas que tiveram seu tempo e espaço. Hoje é notória a decadência deste subgênero, haja visto que sua maior estrela da atualidade, o grande ator Dwayne "The Rock" Johnson (ele tem 1m93!) é praticamente desconhecido do grande público.

Os atores que se tornaram ícones desta espécie de filme hoje precisaram se redescobrir ou desaparecer: Jean-Claude Van Damme passou os últimos anos lançando filmes direto em vídeo e está para filmar sua obra-prima, sua autobiografia; Arnold Schwarzenegger com sua tarimbada interpretação robótica em O Exterminador do Futuro 3 fechou seu ciclo razoavelmente bem e hoje é governador pelo estado da Califórina. Agora o robozão é problema do Bush. Lorenzo Lamas e Dolph Lundgren sumiram e ninguém sentiu a falta deles. Por fim, Sylvester Stallone caminhava um fim semelhante até que uma temporada no reality show The Contender cativou-o a reviver seus grandes personagens. O primeiro a voltar as telas foi Rocky Balboa, que realizado num caráter mais dramático, como o primeiro filme da série, Rocky - Um Lutador, não decepcionou, para a surpresa geral. Até trouxe um pouco de dignidade para o filme original que havia sido achincalhado por seqüências ruins e comerciais, especialmente os Rocky III, IV e V. Para este ano as expectativas repousavam no retorno de John Rambo.

Na sua eterna busca pela paz interior Rambo isola-se na fronteira da Birmânia e passa a viver da caça de cobras. Infeliz e coincidentemente o país em que ele busca paz está há anos em guerra civil. Então, certo dia, sua ajuda é requisitada por missionários. Depois desse grande enredo o filme mostra para que foi feito: ser sangrento (o filme tem censura 18 anos). Na falta de história mata-se todo mundo e pronto. Como se não bastasse isso a crueldade com que são tratadas as vítimas capturadas pelos revolucionários birmaneses é ridiculamente exagerada, apesar de necessária para preencher o filme (é difícil fazer um filme de 1h33 sem história). Já a pederastia e pedofilia do Major Pa Tee Tint está totalmente fora de contexto. A interpretação de Sylvester Stallone é excelente uma vez que ele tem apenas uma meia dúzia de falas. A ambientação lembra aqueles filmes de boxe Tailandês onde o mocinho tem que proteger os animais de caçadores. O filme traz ainda o espírito do Elfo Légolas revivido por um ex-combatente sessentão.

Reviver esse tipo de filme enterrado há tantos anos é sem dúvida alguma uma temeridade que muito provavelmente rolará o precipício do fracasso. Mesmo trazer de volta personagens desta época é perigoso e deveria se evitado. Fazer ambas as coisas é um despropério. Mesmo assim, falando especificamente de Rambo IV, escrito, dirigido e atuado por Sylvester Stallone, sem roteiro, com coadjuvantes amadores e efeitos especiais de segunda categoria conseguiu ao menos livrar-se do fracasso total graças aos remanescentes fãs de John Rambo (entre os quais eu me incluo) oriundos da época das sangue-sugas e das cauterizações a base de pólvora. É claro que isso provavelmente não o livrará da premiação mas indesejada do cinema estadounidense O Framboesa de Ouro.

Trilha Sonora

Bom, não queria estrear meus comentários sobre trilhas sonoras com tão pouco mas, não há trilha de fato e mesmo os efeitos sonoros são banais para as ações. O tema principal que o acompanha desde o primeiro filme é ouvido, mas apenas em poucos trechos no início. Há também nas cenas de ação pequenas faixas orquestradas, mas de uma maneira ou de outra elas não se sintonizam com o momento do filme. A maior e "melhor" parte da trilha está nos créditos com quase 5 minutos de duração.

2 comentários:

Cristiano Silva disse...

Tanto dinheiro no mundo desperdiçado fazendo filmes como este... seria melhor se pegasse o valor e entregasse para a caridade.

Pelo menos, o fato destes filmes não fazerem mais parte dos gostos do espectadores já é um sinal que houve um "avanço de gostos".

Ivo La Puma disse...

Já não gostei do trailer deste filme (o Rambo decepa a cabeça do cara com um soco... vtnc!) E agora conhecendo o resumo da história, tenho certeza de que vomitaria assistindo a isso aí... Nem vi o filme, mas concordo com você! Este filme está à espera de um milagre.

[]s