terça-feira, 18 de março de 2008

Antes de Partir


O filme conta a história de dois pacientes terminais que se conhecem num quarto de hospital e após conviverem algum tempo neste mesmo quarto, criam uma lista com tudo o que desejam fazer antes de partir. Uma vez que Edward ( Jack Nicholson ) é um milionário solitário e extravagante, não é difícil para eles começarem sua última viagem.

Logo no inicio da projeção é possível se dar conta que não se verá uma produção caprichada. A cena onde um homem caminha pelo Himalaia com a narrativa de Morgan Freeman, visivelmente feita sob fundo verde, dá uma má impressão sobre o que virá a seguir. Afinal, a primeira impressão muitas vezes é a única num mundo onde se tem cada vez menos tempo. Razão pela qual filmes e livros tentam ganhar seu público logo no inicio e que produtoras costumam contratar grandes cineastas para filmar o primeiro episódio de um novo seriado. Uma primeira cena pouco trabalhada berra "ruim" nos ouvidos.

Da mesma forma que o filme teve de continuar esta crítica não pode silenciar ainda, apesar de um começo pedante, o filme não é ruim. Após a primeira cena no Himalaia o público é apresentado a Carter (Morgan Freeman), um mecânico inteligente e culto(?) cujo sonho era ser professor de história e em seguida apresentado a Edwad. Ambos descobrem sobre suas doenças nesta primeira aparição. Enquanto o primeiro recebe uma ligação sobre o resultado de seus exames, o outro tem uma crise em meio a uma disputa jurídica.

Obrigados a conviver no mesmo quarto, Edward e Carter sofrem estranhamentos da vida confinada e acabam por aprender a conviver e apoiar um ao outro. Aqui acontecem os melhores momentos do filme, uma vez que tanto Jack Nicholson quanto Morgan Freeman assumem suas funções muitíssimo bem. Além disso, ambos recebem visitas que interferem na rotina dos personagens. Enquanto Carter recebe as visitas de Virginia (Beverly Todd), sua esposa, com quem vem tendo problemas. Edward é visitado por seu secretário Thomas (Sean Hayes), que traz o alivio cômico para o filme. Agora talvez seja o momento de comentar que a química entre Jack Nicholson e Sean Hayes é excelente e rende alguns dos melhores momentos do filme, uma vez que, ao contrário do Morgan Freeman, que antagoniza Jack Nicholson, Sean Hayes o reflete.

Infelizmente a dita lista tem poucos itens interessantes e justamente esses são tratados com menos interesse pelo filme. O que transforma as últimas vontades dos dois personagens uma mera e extravagante viagem. O que faz o filme voltar a cair de nível. Toda a filmagem é feita em estúdio sobre o fundo verde, Egito, Grécia, Himalaia (de novo), passeio de skydiving e até um pega de automóveis são todos inseridos digitalmente de forma tristemente mal acabada, e cheia de planos esquematizados.

Rob Reiner conduz o filme de forma burocrática e apenas funcional. Ele apresenta os personagens de maneira semelhante, as viagens começam com planos onde o lugar em que eles estão é mostrado numa panorâmica para que seja identificado pelo público, ambos os personagens tem, no fim, um mesmo objetivo/lição, o filme termina com a continuidade da primeira cena. Sua idéia inicial era tratar de um assunto delicado sem cair num dramalhão, mesclando comédia ao drama inerente ao tema do filme. Isto ele consegue fazer, mas apenas parcialmente, pois apesar de não querer levar seu público as lágrimas, muitas vezes vemos suas tentativas de emocioná-lo, de fazer o público entender o que os personagens estão passando e isto ele não consegue.

Antes de Partir é um filme mediano que ainda assim vale ser visto por seu excelente humor e ótimas atuações.

Um comentário:

Unknown disse...

Só assisti ao filme ontem (09/04) e não achei ruim...
Muitos filmes que tratam do câncer como doença ou mostram as pessoas se afundando ou então histórias de superação... sempre a mesma coisa...
Achei a abordagem desse filme diferenciada. Os personagens descobrem que estão doentes e sabem que vão morrer... Em vez de se afundarem ou então superar a dor, simplesmente resolvem aproveitar o tempo de vida que ainda lhes restam para fazer coisas que julgavam importantes e não tiveram a chance de fazer anteriormente devido à correria do dia-a-dia...
Não fiquei incomodado com o fato de todas as cenas serem feitas com fundo verde... Não vejo isso como um problema... Esses recursos existem para serem utilizados... Por mim, sem problemas... rs
Gostei das abordagens utilizadas para riscar dois dos itens da lista: "ajudar um estranho despretensiosamente" e "beijar a mulher mais linda do mundo".
As atuações de Jack N. e Morgan F. são realmente muito boas...
Um fime que, na minha opinião, vale ser visto.