quinta-feira, 13 de março de 2008

O Ano que Meus Pais Saíram de Férias

Não é de se admirar que a comissão criada para indicar o filme nacional para o Oscar preteriu Tropa de Elite a O Ano Que Meus Pais Saíram de Férias. O Ano que Meus País Saíram de Férias além de ser um filme bonito e sensível tem como parte do seu pano de fundo a comunidade judaica no Brasil e como muita gente sabe os Judeus não apenas trabalham em massa na indústria hollywoodiana como adoram puxar sardinha para seu próprio lado, do mesmo modo que todo mundo adora fazer.

O Ano que Meus Pais Saíram de Férias narra a história de Mauro (Michel Joelsas) um menino de doze anos que acaba sendo cuidado por um estranho judeu, vizinho de seu avô, quando este falece repentinamente e os pais dele saem de férias, fogem para escapar da perseguição política promovida pela ditadura.

O filme se prende exclusivamente ao olhar de Mauro e, por isso mesmo, esbanja todos os problemas causados pela temática garoto na casa de estranhos. Mauro tem problemas com Shlomo (Germano Haiut), judeu que o hospeda, com os novos amigos, atravessa uma paixonite de verão, sente a falta dos pais e se assombra com os tipos diferentes que encontra. Tudo isso poderia soar banal e corriqueiro não fosse pelo ritmo cálido conferido por Cao Hamburguer e pelo ano em que Mauro se vê afastado de sua zona de conforto.

1970 foi o ano do tri-campeonato brasileiro e o inicio dos anos negros da ditadura, fase mais violenta da ditadura no Brasil. Talvez por isso muitas pessoas tendam a estreitar os limites do filme, umas dizem que ele fala de futebol, outras que ele diz respeito a ditadura. Coisa que o próprio título do filme parece confirmar. Se O Ano que Meus Pais Saíram de Férias remete a ditadura, Vida de Goleiro, que seria o título do filme não fosse a influência da produção do filme, grita futebol nos ouvidos. Mas a verdade é que o filme retrata um garoto no ano de 1970. Mauro está ausente nos ápices das duas vertentes, ele tanto é retirado de um confronto público entre policiais e manifestantes, quanto abandona o bar onde assistia a final da copa do mundo.

A música do filme pontua muito bem a ação aflorando a emoção do espectador sem, no entanto, tentar levá-lo as lágrimas. Se poderia dizer que ela é contida como o filme.

Contudo provavelmente este belo filme desagradará a grande parte de sua platéia, seja porque as tensões criadas são leves e resolvidas de forma natural, o que vai levar as pessoas a considerá-lo chato ( para mim ele não foi chato ), seja pelo desfecho aberto, que é claro tem sua poética uma vez que a vida de todo garoto pode seguir em qualquer direção, mas normalmente não é do gosto do espectador.

Nenhum comentário: